Resenha

NIETZSCHE, Friedrich. “O nascimento da tragédia”, São Paulo. Companhia das letras, 1992.

O nascimento da tragédia

Nesta obra Friedrich Nietzsche traz um pensamento controverso na medida em que contesta o pensamento predominante de que o povo grego era pacífico e sereno, além de contestar a cultura cristã. Para discorrer sobre a cultura grega ele traz Dionísio num movimento de oposição a Apolo, ou seja, é travada uma batalha constante entre os dois, na qual o primeiro representa a desmesura, a subversão ao poder instituído, enquanto o segundo é a retidão, o amor retilíneo e submissão ao poder constituído. Por trás de um romantismo filosófico é proeminente o aspecto estético e metafísico evidenciado através dos gênios de Dionísio e Apolo. Para uma melhor elucidação se faz necessário abordar um pouco acerca dos dois principais personagens do texto “O nascimento da tragédia”.
• Apolo - surge como o deus das regras, das medidas, limites e ações retilíneas por parte dos indivíduos, ou seja, representa a civilidades e urbanidade preconizada pela sociedade.
• Dionísio – deus do vinho constitui a representação dos impulsos primitivos, do exagero descabido para os preceitos sociais, da embriagues intensa, da quebra das barreiras da civilidade universal imposta. Com o nascimento da Tragédia, o mundo passa a ser visto e compreendido através de um caráter estético, pois deixa de considerar exclusivamente o prisma metafísico para evidenciar o mundo com seus componentes e criações através do ponto de vista musical, festivo, concreto, real e dinâmico mediante a tragédia grega dirigida sob o gênio dionisíaco. A música e o êxtase associados teriam a capacidade de quebrar com os ligamentos das estruturas do logos. Esta interpretação vai de encontro à tradição filológica. Com isso, Nietzsche contraria a concepção tradicional que preconizava o caráter sereno e imparcial da sociedade helenística, sublinhando a necessidade que o Grego tinha em romper com o