2.1 QUEM HERDA NÃO FURTA (CAP. II) Desde a época de colonização no Brasil, o país foi submetido aos moldes políticos e administrativos dos colonizadores europeus devido à falta de referência desse tipo de estrutura da população nativa no século XV. Por esse motivo, as características de como o governo e o Estado funcionavam naquela época foram herdadas dos colonizadores portugueses e, através dos séculos, influenciaram de maneira definitiva o sistema brasileiro atual; o Estado como fonte máxima de poder, o imediatismo econômico, a improvisação na resolução de problemas do sistema e o preconceito contra o lucro individual, são exemplos fortes dos traços brasileiros que tem origem do sistema português. Assim como aconteceu em quase toda a Europa, Portugal também entrou no processo de criação de uma monarquia para neutralizar os grandes feudos, que até então impunham suas próprias leis e vontades. Por meio de um estamento burocrático, que visava organizar a esfera política, econômica e financeira, Portugal se protegeu com a proximidade e o uso do poder, antes pertencente aos grandes proprietários de terras, os senhores feudais. Então, o sucesso, o prestígio e a situação financeira de um indivíduo dependiam do nível de acesso que este tinha ao poder e seus respectivos detentores. Dessa forma, militares, políticos, fidalgos, negociantes e amigos da corte, por exemplo, eram fortes referências para o êxito político e econômico de um indivíduo. Essa dependência dos órgãos superiores foi determinante e influenciou o Brasil na cultura administrativa e burocrática atual. Os empresários, e a sociedade como um todo, é ainda fortemente submissa ao Estado e isso vem estimulando a vontade no desenvolvimento de soluções e maneiras de resolver seus problemas sem interferência do poder público.
Com as descobertas marítimas, as explorações comerciais e a economia extrativista começaram a tomar um caráter ambicionista por parte dos colonizadores portugueses. Após a