Resenha O ultimo dia de um condenado
O livro começa com uma demonstração de consciência do condenado ao seu destino. Condenado apenas, durante toda sua obra Vitor Hugo não individualiza a pessoa do condenado, ele é genérico, representa qualquer condenado que cometeu qualquer crime. Este condenado inicia a narrativa descrevendo a tormenta que é conviver com essa espera quando há pouco tempo era um homem livre, com sua rotina, e agora perseguido por essa certeza que não deixa-lhe em paz por um só momento, fica explícito toda a agonia que envolve um condenado a esse desfecho, a condenação não é só ao momento fatal, mas também a uma espera que maltrata.
O condenado então relembra o dia que recebeu a sentença, havia três dias que iniciara o processo, ele já fatigado e sonolento se cobriu de temor e terror ao receber a notícia da condenação no tribunal.
Numa tentativa de consolo talvez o personagem reflete como de forma inequivoca todas as pessoas estão fadadas a esse fim e que não é preciso ser condenado por um tribunal para que ocorra uma fatalidade com qualquer um, mas de toda forma ele termina considerando ainda seu contexto horrível.
Sendo levado então para carceragem que ficaria até o fatídico dia onde viveu e trocou experiências com os outros presos e onde decide, de posse de tinta e papel, começar a escrever sobre seus últimos dias. Mais do que isso, começar a desmitificar a ideia de que o condenado é um ser inútil, que não há vida, sentimentos antes e depois da sentença e da guilhotina, tentar humanizar os carrascos e trazer mais consciência para a posteridade, tal qual o próprio autor, Vitor Hugo, fez com essa obra, reforçando todo o conceito de direitos humanos