resenha o nome da rosa filme

Dos filmes até então vistos, acredito que O Nome da Rosa seja o que mais necessite compreender o momento histórico vivido na obra. Somos remetidos ao período da Baixa Idade Média, onde houve a desintegração do feudalismo e iniciou-se o capitalismo, e na esfera cultural destacou-se o movimento renascentista que resgatava os valores antropocêntricos e racionais, valorizando o homem e a natureza. Na obra, a figura que mais personifica esses valores, é o monge William, dotado de uma postura extremamente racional e humanista.
Dessa forma, William e seu aprendiz, Adso, investigam uma série de crimes que acontecem dentro de uma abadia, localizada em um local afastado e remoto. Através de uma postura questionadora e interrogativa, os crimes são solucionados. Crimes estes que estão relacionados à leitura de um livro tido como proibido pela igreja. E é exatamente nesse ponto que somos levados a nos questionar sobre o poder que a Igreja possuía em relação ao conhecimento, e como era de extremo interesse da mesma, influenciar uma sociedade alienada frente a qualquer tipo de pensamento, cultura e clareza de ideias.
Duas citações na obra me chamaram muita atenção. A primeira delas, foi em relação ao riso, humor: "Laughter kills fear, and without fear there can be no faith, because without fear of the Devil there is no more need of God." Então a catequização, olhando pela esfera religiosa, só faria sentido se existisse o medo, e o riso era abominado, pois exterminava o medo. A segunda citação diz respeito ao conhecimento, onde William afirma que dentro deles pode vim a conter uma sabedoria diferente e ideias que poderiam encorajar o homem a duvidar da infalibilidade de Deus, e a dúvida é a inimiga da fé.
Em O Nome da Rosa, podemos ver o quanto o conhecimento pode vim a ser uma arma que ameaça a supremacia da classe dominante, e o quanto é de interesse desses manter uma população ou classe alienada frente à realidade.