Resenha "O mestre Ignorante" Jacques Rancière
“O Mestre ignorante: Cinco lições sobre a emancipação intelectual”, de autoria do francês Jacques Rancière narra a história do professor francês Joseph Jacotot e sua “aventura intelectual”. Joseph Jacotot no ano de 1818, em pleno Século das Luzes, ocupava o posto de professor em meio período, entretanto sua classe era composta por estudantes que falavam apenas o holandês, língua esta que o professor não tinha domínio. Ignorando o holandês, o mestre teria de encontrar uma solução para assim lecionar; é dessa forma que Jacotot foi levado a romper com os pressupostos que ele tinha sobre as condições do ensinar.
Em seu livro, Jacques Rancière, a partir da história e experiência de Joseph Jacotot, nos provoca a fazer reflexões sobre os fundamentos do ensino e aprendizagem dos alunos. A obra está dividida em cinco capítulos, intitulados respectivamente: “Uma aventura intelectual”, “A lição do ignorante”, “A razão dos iguais”, “A sociedade do desprezo” e “O emancipador e suas imitações”.
Nesta presente resenha apresento algumas apreciações sobre a obra, especificamente sobre os capítulos iniciais, 1, 2 e 3. Esta obra filosófica que embora tenha sido lançada em 1987 na França é atual e provocativa, pois aborda questionamentos acerca da educação, sobre o papel da instrução e do mestre.
(...) é preciso inverter a lógica do sistema explicador. A explicação não é necessária para socorrer uma incapacidade de compreender. É, ao contrário, essa incapacidade, a ficção estruturante da concepção explicadora de mundo (...). (RANCIÈRE, 2002, p. 23)
“Uma Aventura intelectual”, primeiro capítulo do livro, trás a experiência intelectual do mestre francês, Joseph Jacotot, vivida no século XIX (1818), quando foi convidado a ministrar francês a uma classe de estudantes que falavam somente o holandês. Jacotot, sem conhecer o holandês e com a tarefa de ensinar francês, procurou estabelecer um “elo comum” com seus alunos, utilizando assim a edição