Resenha: O legado educacional do “longo século XX” brasileiro – Dermeval Saviani
O Legado Educacional do “Longo século XX” Brasileiro – Dermeval Saviani.
Durante a transição do século XIX para o longo século XX, nosso país sofreu grandes transformações sociais, as principais foram a Abolição dos escravos, em 1888, e consequentemente o desenvolvimento da imigração de europeus; econômicas, como o crescimento da cultura do café gerando um aumento na exportação e futuramente a industrialização; políticas, consistindo na queda da Monarquia e a implantação da República, em 1889; e culturais, alargando significativamente a literatura, expondo temas brasileiros. Porém, as mudanças educacionais são as mais visadas durante o século XX, tentando revigorar a base da escola pública.
Durante anos a periodização da escola brasileira conduzia-se pelo fator político, o período colonial, Imperial e a República, prevalecendo critérios externos, embora não sejam só políticos, mas também econômicos. Essa forma de periodizar gerou várias críticas, pois não havia a preocupação com a educação que gerasse desenvolvimento, mas sim, a obrigação desse desenvolvimento para a ampliação dos interesses externos.
Já os critérios internos, tendo marco inicial o ensino jesuítico, considerado público por ser mantido pela Coroa portuguesa e pelo modo coletivo, teve fim em 1759 com a expulsão dos jesuítas, já que suas infraestruturas, matérias e pedagógicas estavam sob domínio privado. Seguiram-se então para o que seriam os primeiros passos para escola pública estatal, as reformas pombalinas, onde prevalece o ensino laico, movidos pelo Iluminismo, e instruídos pelo Estado, que se limitava ao pagamento dos professores e diretrizes curriculares, deixando os materiais e a infraestrutura nas mãos do professor. Depois da Independência, em 1822, poderia ter se instalado uma escola pública nacional, mas isso não foi concretizado.
A partir do começo da República que a escola pública se concretizou sob os estados federais, assumindo a