Resenha: O Artífice
Em um primeiro momento, ao analisarmos ambos os fragmentos, é inevitável que nos ocorra uma estranheza ao tentarmos correlacionar dois textos que abordam, a princípio, assuntos tão distintos. Porem, é ao observarmos de forma mais abrangente que podemos perceber que cada um deles, em suas formas particulares, tratam de pequenas mudanças que ocorreram em suas respectivas sociedades, em seus hábitos e suas estruturas, ambos com perspectivas progressistas em relação às mudanças ocorridas.
É fácil percebermos esta visão compartilhada pelos autores ao analisarmos as seguintes afirmações:
“Mais do que faria um simples técnico, o artífice civilizador utilizou essas ferramentas para um bem coletivo, o de dar fim a vida nômade dos homens, como caçadores-coletores ou guerreiros desenraizados. [...], um historiador moderno escreve que, como o trabalho artesanal ‘tirou as pessoas do isolamento, personificado pelos ciclopes moradores das cavernas, artesanato e comunidade eram indissociáveis para os primeiros gregos’” (SENNETT, 2009, p. 31)
“A efevervescência religiosa não contribuiu somente para o nascimento do Direito. Preparou também um esforço de reflexão moral, orientado por especulações políticas. O temor da impureza, a cujo papel na origem da legislação sobre o homicídio nos referimos, encontrava sua mais intensa expressão na aspiração mística a uma vida pura de todo contato sangrento. Da mesma maneira, ao ideal de austeridade que se afirma no grupo em reação contra o desenvolvimento do comércio, a ostentação do luxo, a brutal insolência dos ricos, corresponde, sob uma forma extrema, o ascetismo preconizado em certos agrupamento religiosos. ” (VERNANT, 1986, p. 58)
Ao compararmos as duas citações, é simples de ser observado como foi dito no primeiro parágrafo deste texto, a visão de ambos os autores com relação às mudanças de âmbito progressistas que ocorreram em suas épocas de estudo. Por exemplo, para Sennett, o fim da vida