Resenha: "a celebração do outro. arquivo, memória e identidade."
Resenhado por: Alessandra Dias Carvalho (UFMS)
As múltiplas vozes, motivadas por crenças, ideologias, culturas e valores, provenientes de textos, de experiências, remete-nos a noção de memória, portanto de interdiscurso. Essas vozes entrelaçam-se e mesclam-se, permitindo aos sujeitos serem, ao mesmo tempo, semelhantes e diferentes. O interdiscurso e a identidade constituem a ideia principal do livro A celebração do outro, de Maria José Coracini, professora titular da Universidade Estadual de Campinas.
O livro está dividido em quatro partes, organizadas e denominadas: (I) Da (Dis)Tensão teórica; (II) Da (im)possível identidade do povo brasileiro, (III) Ser/estar entre-línguas-culturas; (IV) Da identidade do tradutor e do professor de línguas. Todas as quatro partes do livro trazem artigos que fundamentam, questionam, levantam reflexões e ajudam a compreender um pouco o processo identitário.
A primeira parte - “Da (Dis)Tensão teórica” tem o objetivo de problematizar as teorias do discurso e para tal, a autora traz autores-filósofos como Pêcheux, Foucault e Derrida, com os quais, ela nos passa a noção de identidade, escritura e discurso. Com o artigo “Identidade e O monolinguismo do outro”, Coracini fecha este primeiro momento da obra, deixando nos prelimirares de que o estranho, o outro nos constitui e que a identidade é uma ilusão, podendo ser imposta, resultar de uma relação de poder, ser efeito de dominação, ou seja, ela pode-se constituir por meio de uma gama de situações, mas sempre, através e pelo olhar do outro.
Na segunda parte - “Da (im)possível identidade do povo brasileiro” a autora traz vários recortes de textos nos quais os brasileiros falam de si e do estrangeiro, onde pôde constatar que o estrangeiro está no inconsciente do brasileiro como o explorador, ou seja a quem se gostaria de esquecer, pois incomoda, causa um certo ressentimento que o