Resenha - traçando fronteiras: florestan fernandes e a marginaliização do folclore.
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O texto de Maria Laura Viveiros de Castro e Luís Rodolfo Vilhena começa apresentando ao leitor uma visão do popular, sob a perspectiva da antropologia e da sociologia, como ótica redutora da cultura, preocupada apenas com a sobrevivência do passado.No momento em que as Ciências Socias passam por um processo de institucionalização, o folclore tem seu momento de auge nas discussões e debates, sendo classificada pela UNESCO como o principal instrumento de compreensão entre os povos, no cenário Pós-Guerra. No entanto, é nesse contexto que os principais questionamentos sobre a cientificidade e autonomia do folclore começam a ganhar voz.
Quando antropologia e sociologia iniciam a construção de seus respectivos campos de estudos, o folclore é questionado acerca de sua incapacidade de se reconhecer como ciência. Surge, assim, a necessidade da criação de alguma forma de atuação organizada nessa área.
É importante ressaltar o momento em que os autores apresentam, no texto, dois aspectos do folclore: o científico e o estético. Já na década de 50 existiam a tentativa e preocupação de manter os saberes populares e estudá-los, atrelando ao folclore a função de participar da construção da identidade de um lugar, um povo. Porém, nem seus estudiosos compreendiam claramente o que ele era, ou como estudá-lo. Questiono-me sobre a legitimidade de uma manifestação, quando retirada de seu contexto para estudo ou quando relatada por quem a vive.
A luta admirável dos nomes que compunham a CDFB, a CNF e dos que participaram dos vários congressos acontecidos durante os anos 50 pela institucionalização do folclore, me remetem a lutas travadas até hoje. Preocupações, que hoje aparecem como ações, já estavam em questão naquela época: a salvaguarda e a pesquisa das práticas folclóricas, a relação da aculturação e da urbanização etc.
Ainda hoje é complicado pensar em autonomia quando falamos de práticas já enraizadas no cotidiano de alguns grupos, que se vestem de representações e se enchem