Resenha - totem e tabu, cap.1 - horror ao incesto
Nesta obra Freud propõe um estudo antropológico do homem primitivo a fim de traçar um paralelo entre as bases dessas sociedades e a ciência psicanalítica. Ele busca comparar a psicologia dos povos primitivos, da antropologia social, e a psicologia dos neuróticos, da psicanálise, com intuito de achar pontos congruentes entre estes dois corpos de conhecimento. O autor, então, aborda características de algumas tribos de aborígenes australianos, afirmando que mesmo na época moderna esses povos não sofreram tantas interferências como os outros e por isso podem ser considerados primitivos e relação às demais sociedades e tribos que perceberam os reflexos do avanço social. Nas palavras dele: “escolherei como base dessa comparação as tribos que foram descritas pelos antropólogos como sendo dos selvagens mais atrasados e miseráveis, os aborígenes da Austrália, o continente mais jovem, em cuja fauna também podemos ainda observar muita coisa que é arcaica e já pereceu em outras regiões.”(p.21) Ele prossegue relatando a característica fundamental que dá origem, inclusive, ao título da obra; Explicando que, nessas tribos, o lugar das instituições religiosas e sociais que eles não têm é ocupado pelo sistema do “totemismo”, onde cada clã, que é fruto da subdivisão dessas tribos, possui um totem que lhes serve de base para praticamente todos os sentidos da vida. Finalmente, ele ressalta que essas tribos teriam como característica comum a exogamia, que é a proibição de relações sexuais entre os membros do mesmo clã. “(...) esses selvagens têm um horror excepcionalmente intenso ao incesto, ou são sensíveis ao assunto num grau fora do comum, e que aliam isso a uma peculiaridade que permanece obscura para nós: a de substituir o parentesco consangüíneo real pelo parentesco totêmico. Este último contraste, contudo, não deve ser exagerado em excesso e devemos nos lembrar que as