Resenha "romances familiares" freud. s,
“Romances Familiares” é um artigo escrito por Freud onde o autor faz uma articulação entre as fantasias que giram em torno da dinâmica familiar e configuração psíquica dos neuróticos. Freud revela que no decorrer do desenvolvimento do sujeito há uma tendência a um movimento que visa à libertação da autoridade dos pais, neste caso, tal movimento é considerado normal. Entretanto, há um grupo de neuróticos que falha nessa tarefa. A expressão romance familiar designa para o pai da psicanálise as fantasias que são criadas pelos sujeitos com o objetivo de modificar o tipo de vinculo estabelecido com os pais durante a infância, cujos laços giram em torno dos pais idealizados. Tais fantasias fundamentam-se no Complexo de Édipo. O conteúdo das fantasias é diversificado, porém sempre são permeadas por relações inventadas que concernem aos pais, ou seja, o sujeito cria para si uma família e estabelece uma espécie de romance. Entre as fantasias encontram-se aquelas onde o sujeito imagina que seus pais verdadeiros são outros, que estes pais geralmente pertencem a uma posição social mais elevada, que é uma criança adotada, que a mãe vivencia aventuras amorosas secretas e etc. É importante ressaltar que as motivações para as fantasias descritas em “Romances Familiares” encontram apoio na posição edipiana, segundo Freud, estas fantasias nascem como resultado do conflito inerente ao Complexo de Édipo.
Interessante notar que, num determinado momento do texto, Freud dirá que mesmo após a puberdade a atividade imaginativa do sujeito se prolonga através dos devaneios que se configuram como uma realização de desejos e uma confirmação da vida real.
Outra consideração relevante quanto à interpretação dessas fantasias, é o fato delas expressarem uma saudade que a criança tem daqueles pais “idealizados” do passado, por isso há a tendência a supervalorizar estes pais e esta supervalorização pode ser verificada, inclusive, nos sonhos dos adultos normais.