Resenha: Rio, a cidade maravilhosa e o lixão de Gramacho: discursos de exclusão e resistência na voz de Estamira

O artigo apresentado, de Márcia Aparecida Amador Mascia denomina-se ‘“Rio”’ – a cidade maravilhosa e o lixão de Gramacho: discursos de exclusão e resistência na voz de Estamira.
Márcia Aparecida Amador Mascia começa o artigo tendo como base as análises Foucaultianas, onde aborda às relações de poder-saber e resistência, mostrando que, não é a atividade do conhecimento que produziria um saber, útil ou arredio ao poder, mas o poder-saber, os processos e as lutas que o atravessam e o constituem, que determinam as formas e os campos possíveis do conhecimento.
A autora discorre da história de Estamira, a qual é uma mulher pobre, doente (esquizofrênica) que sobrevive da renda que o lixo lhe gera, onde se vestia, se alimentava e se divertia com objetos encontrados pela mesma em um lixão de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Ela é o personagem principal de um documentário lançado em 2006 por Marcos Prado, cujas falas são analisadas à luz da abordagem da Análise do Discurso, dos estudos culturais e da filosofia de Foucault.
Após nos apresentar sua história de vida, Mascia decide por analisar as representações construídas por Estamira a respeito de si, dos outros, de Deus e do lixo. Trata-se, na realidade, de uma escuta de alguém que deseja se fazer ouvir. A autora busca, nos discursos de Estamira, refletir sobre a visibilidade material e a invisibilidade social, entre um centro de existência e sua margem.
O artigo reúne o retrato do sofrimento e da loucura de uma cidadã invisível para os parâmetros sociais; a dor de um abandono e complexo adquirido após ser vítima de violência sexual, faz com que Estamira muda-se completamente de visão sobre como realmente é o mundo.
Estamira é contra a alienação do homem, em que critica uma suposta sociedade de controle que tem uma estrutura para calar as vozes dos rebeldes que pedem atenção ao governo. É uma reprodução violenta do cotidiano da miséria de muitos brasileiros. Estamira ainda, faz diversas críticas em relação ao