RESENHA RB BENJAMIN
O texto de Walter Benjamin intitulado Pequena historia da fotografia data de 1931, antecedendo de quase 50 anos o outro texto mais relevante sobre o assunto, o de Roland Barthes, A câmara clara, datado de 1979.
Por sua posição de certa forma um pouco entusiasta com relação à técnica e às novas mídias que com ela vieram, Benjamin estava à periferia do coletivo de pensadores e cientistas sociais alemães que formaram a Escola de Frankfurt. Porém não era menos importante, podendo ser considerado, junto com todos os outros – Theodoro Adorno, Max Horkheimer, Erich Fromm e Herbet Marcuse – um dos criadores da pesquisa crítica em comunicação (SELIGMAN-SILVA, 2003).
Esse texto gira em torno da obsessão humana de fixar a imagem produzida na parede interna da caixa-preta (câmera obscura). Esse desejo vingou nas mãos de Niepce e Daguerre, que são os inventores da técnica fotográfica do lado francês. Esse tipo de imagem antropologicamente nova – a possibilidade de fixar e apreender “para sempre” a sombra (duplo) do outro – teve seu nascimento no século XIX, por volta de 1822.
Com o surgimento da fotografia, as primeiras discussões acerca desse novo tipo de imagem mostram o choque que ela causa. Benjamin fala disso, logo de saída:
Querer fixar efêmeras imagens de espelho não é somente uma impossibilidade, como a ciência alemã o provou irrefutavelmente, mas um projeto sacrílego. O homem foi feito à semelhança de Deus, e a imagem de Deus não pode ser fixada por nenhum mecanismo humano. No máximo o próprio artista divino, movido por uma inspiração celeste, poderia atrever-se a reproduzir esses traços ao mesmo tempo divinos e humanos, num momento de suprema solenidade, obedecendo às diretrizes superiores do seu gênio, e sem qualquer artifício mecânico (1999, p. 92).
Esse tipo de imagem inteiramente nova destrona o conceito de representação artística – o retrato feito pelas mãos do “próprio artista”, considerado um ser divino dotado de poder