Resenha Politica Economica Estagna o e Crise Oliveira
Livro: Política Econômica, estagnação e crise mundial: Brasil, 1980-2010.
Autor: Fabrício Augusto de Oliveira
Editora: Azougue Editorial, Rio de Janeiro, 2012 (Pensamento Brasileiro).
Por Ricardo Carneiro*
É relativamente consensual o entendimento de que a política econômica, nas sociedades modernas, se articula em torno de três macro-objetivos: a garantia da estabilidade monetária; a promoção do crescimento sustentado da economia, o que inclui uma distribuição mais equitativa da riqueza gerada; e a preocupação com o equilíbrio das contas externas do país. Conciliar tais objetivos, contudo, constitui um desafio que nada tem de trivial, refletindo a influência de um conjunto variado de fatores, alguns dos quais escapam ao controle do próprio governo. Isto, por algumas importantes razões.
Em primeiro lugar, por não ser a ciência econômica uma ciência exata – ainda que alguns economistas insistam em assim tratá-la –, mas um ramo das ciências sociais. Significa dizer que o fenômeno econômico comporta interpretações distintas, das quais decorrem proposições também distintas quanto à natureza do problema a ser enfrentado e à forma de fazê-lo. Interpretações equivocadas informam políticas econômicas igualmente equivocadas ou inadequadas face aos objetivos que se quer alcançar ou promover. Para o prof. Fabrício Augusto de
Oliveira, em seu mais recente livro, “Política Econômica, estagnação e crise mundial: Brasil, 1980-2010”, no entanto, não é apenas isto o que importa. Tão ou mais importante, segundo o autor, é a prevalência de uma determinada linha de interpretação econômica, que se corporifica como “ciência oficial”, cujo traço marcante é o alinhamento com a preservação do status quo, privilegiando os interesses dos “donos do poder”. A adesão acrítica à ciência oficial transforma suas prescrições em dogmas, que são seguidos fielmente a despeito de resultados nem sempre satisfatórios ou mesmo contraproducentes.
Em segundo, porque qualquer que seja a política