resenha "Os Embreantes"
Segundo a Editora Martins Fontes, Anne Cauquelin é doutora e professora de Filosofia na Université de Picardie, na França e redatora-chefe da revista Revue d’Esthétique. Suas publicações discorrem sobre arte e filosofia, como “Teorias da Arte” e “Aristóteles”. O texto “Os Embreantes” pertence ao livro “Arte Contemporânea: Uma Introdução” de Anne Cauquelin. Trata-se do 1º capítulo da 2ª parte “Figuras e Modos de Arte Contemporânea”, no qual a autora escreve sobre três figuras, Marcel Duchamp, Andy Warhol e Leo Castelli, que são chamadas de ‘embreantes’. A partir deles, Cauquelin discute as proposições da Arte Contemporânea em um tempo e espaço antecedentes, ‘modernos’, estabelecendo-se em conexão com o meio, com o sistema e com o mercado. Tais figuras anunciam essa nova realidade, tendo em comum o exercício de uma atividade que responde aos axiomas-chave do regime de consumo, que serão tratados a seguir.
As obras de Duchamp não apresentavam um caráter estético que suscitasse um julgamento de gosto, a obras devem ser analisadas de acordo com o posicionamento global da atitude do autor. A arte é uma questão de continente. Há o abandono estético do ‘feito à mão’, os objetos prontos são expostos e o peso artístico é concedido pelo local e pelo artista, que nesse caso é quem apenas mostra e assina. O valor não está mais no objeto em si, portanto, os ready-mades indicam o estado da arte em um momento determinado. Na produção de Warhol o abandono da estética ocorre quando ele deixa seu ofício de desenhista e dedica-se a mostrar objetos banais, de mau gosto e, assim como Duchamp, trata-se de mostrar o que já existe, no entanto, Warhol ao pôr em prática seu conhecimento das redes, afasta-se da ideia de que o local é responsável por trazer o peso