Resenha morte e vida severina
O livro divide-se em quatro capítulos,que retrata o sofrimento da população pernambucana. É dramático e relata a história de um retirante nordestino, que sai de sua cidade natal, em busca do pão para sobrevivência.
No Nordeste a vida é dura e a terra está seca, sendo assim, torna-se impossível fazer plantações, pois as mesmas não sobreviveriam a tanta seca.
O primeiro capítulo, “O Rio”, ganhador do prêmio de poesia do VI centenário da cidade de São Paulo, relata a situação drástica em que os rios encontram-se e os estragos que a falta da chuva provoca.
Em conseqüência disso geram a fome, a miséria e o êxodo rural, contribuindo para a formação de favelas nas grandes cidades.
Já no segundo capítulo, “Morte e Vida Severina”, o autor fala sobre a viagem do retirante a Recife, guiado pelo rio Capibaribe, sobre o desânimo que o rodeia e o faz pensar em interromper a viagem; mas a necessidade de chegar é mais forte e ele prossegue. Chegando a Recife, ele é bem acolhido e aceito como parte da sociedade local.
O terceiro capítulo, “Dois Parlamentos”, compõe-se de um par de discursos poéticos, em ritmo dual, sobre os temas do cemitério sertanejo e do trabalhador dos engenhos. Pelo fato de não chover, o Nordeste é visto como um cemitério, tudo está morto: os bichos, as plantas, o homem.
Já o quarto e último capítulo, “Auto do Frade”, compõe-se da transfiguração estética e geográfica da realidade pernambucana, a qual engloba o sofrimento visível que a sociedade vive. E aí o poeta atinge a dimensão da história.
Realizando a fusão de tons e ritmos da poesia popular, esses quatro poemas perfazem uma das grandes vertentes da obra de João Cabral de Melo Neto. São momentos altos da literatura brasileira moderna, que retratam a realidade da sociedade