Resenha - mercador de veneza
O Mercador de Veneza. Michael Radfort. Estados Unidos, Movision Entertainment: 2004. 138 min, Dolby Digital, cor, 2,35:1.
O filme “O Mercador de Veneza” é inspirado na obra homônima de Willian Shakespeare, que conta as desventuras de Antônio, um cristão, ao contratar um empréstimo junto a Shylock, um judeu, para poder ajudar seu amigo Bassânio a se casar com sua amada Pórcia. Como garantia do empréstimo Antônio ofereceu seus barcos, mas como estes foram irremediavelmente danificados, em face do inadimplemento, Shylock exige “uma libra de carne humana” como reparação do seu direito violado. No julgamento final Antônio escapa da punição física e Shylock é humilhado publicamente.
A linguagem no filme molda o conceito de justiça. Observamos este fato desde o primeiro momento que Antônio entra em negociação com Shylock, pois da proposta até a contratação do empréstimo, tudo é acertado apenas oralmente. As partes não firmaram nenhum instrumento por escrito para formalizar o acordo, que pudesse ser utilizado no caso de uma contenda judicial. Todavia, quando a disputa inevitavelmente acontece – no final do filme – Antônio não se esquiva das cláusulas abusivamente impostas por Shylock alegando simplesmente que não assinou um documento onde elas estivessem expressas. A linguagem é elemento essencial tanto na constituição de um direito, quanto no momento de instá-lo judicialmente, pois sem a linguagem não há dialética e sem a dialética não há que se falar em justiça.
A confiança exacerbada de Shylock na força do contrato de empréstimo estabelecido com Antônio se mostra tanto a sua esperança, quanto a sua ruína. O judeu foi procurado para emprestar dinheiro ao cristão e viu naquele ato a oportunidade perfeita para vingar-se do veneziano por todas as afrontas e desaforos transcorridos anteriormente entre ambos. Por este motivo, Shylock elabora cláusulas muito rigorosas para a hipótese de inadimplemento, como, por exemplo, que lhe seria devida uma libra da