resenha garotas do abc
Caruaru
Maio de 2014
GAROTAS DO ABC
Garotas do ABC, lançado em 2003 do cineasta Carlos Reichenbach, traz o cotidiano de funcionarias de uma fábrica têxtil e em paralelo o de jovens neonazistas e racistas. Dividido em duas partes, profissional e o lazer, o filme mostra o dia-a-dia do grande ABC paulista (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema).
Em São Bernardo do Campo, as operárias vivem seu cotidiano de trabalho intenso na fabrica. Aurélia, a principal delas, adora homens fortes e musculosos (por sinal, seu principal ídolo é Arnold Schwarzennegger). Os problemas em sua vida começam quando ela se apaixona perdidamente por Fábio, um neonazista que fica dividido entre suas convicções ideológicas e o desejo, pois é integrante de uma gangue liderada pelo sádico Salesiano de Carvalho e o grupo realiza atentados contra nordestinos e negros. Entre as funcionarias se encontra a operária Paula Nelson, assediada por um líder sindical, mas ao mesmo tempo tenta manter a harmonia entre as meninas da fábrica; Suzana, a masoquista-casta, apaixonada pelo patrão e Antuérpia, que tenta iniciar-se na profissão de tecelã aos 38 anos.
Nas horas de lazer as moças vão a um clube beber, dançar e conversar.
Na fabrica têxtil encontramos os moldes de produção criados durante a revolução industrial mesclado com as relações sociais que formam amizades e inimizades, além das organizações sindicais. As linhas de pensamento preconceituosas são outro ponto que merece destaque por refletir a mentalidade de muitos em nossa sociedade que infelizmente se mantem. Portanto, Garotas do ABC é um retrato irônico da grande São Paulo, com caricaturas da burguesia paulista preconceituosa e o povo alienado que apenas se preocupa com diversão e sexo.
Este filme é voltado para pessoas que gostem de ver na tela a realidade nua e crua da sociedade, mas envolto em uma trama dramática. Carlos Oscar Reichenbach Filho