resenha filme ori
Beatriz do Nascimento - ORÍ
A idéia de quilombo é central em ORÍ, filme de Raquel Gerber, com texto e narração de Beatriz do Nascimento. Quilombo chama agregação, comunidade, reconhecimento do homem e da mulher negros(as) assim como a África chama sua memória a seus descendentes nas Américas. Neste ensaio pretendo reconstruir algumas imagens e cenas de ORÍ e, a partir disto, propor algumas interpretações a este belo e importante documentário. Foi no Festival de Cinema Negro de Goiânia, 2007, que assisti ORÍ pela primeira vez. Cheguei na sala de cinema com o filme já rodando e fiquei abismada com a cena em que me deparei: uma subjetiva que nos leva a percorrer um caminho no mato. O caminho que não está traçado, pois a natureza ainda está fechada e toca nossos olhos de verde queimado. Lembro-me agora de um verso de Ferreira Gullar: “Caminhos não há, mas os pés na grama o farão”. E assim fez Zumbi, apontou um rumo a liberdade para um sujeito racializado que não reconhece que é propriedade do outro. A fuga pela busca do território aqui significa mais que uma delimitação de espaço físico, quilombo é um sistema político-simbólico de resistência cultural, ou seja, tem o objetivo de “Assegurar a condição humana do povo afro-brasileiro, há tantos séculos tratado e definido de forma humilhante e opressiva... ” (NASCIMENTO, 1980). Necessita-se então expandir os quilombos para além dos terreiros de macumba e das escolas de samba. E qual seria então um ponto de partida para tal tarefa?
Orí, termo de orí-gem Yorubá