Resenha dos textos: Um discurso sobre as ciências¹ e A significação nas aulas de Educação Física: encontro e confronto dos diferentes “subúrbios”de conhecimento²
948 palavras
4 páginas
O texto “Um discurso sobre as ciências” de Boaventura de Sousa Santos trata-se de uma versão ampliada do discurso formulado na abertura das aulas na Universidade de Coimbra no ano letivo de 1985/1986. Nessa ocasião, foi discutida a ordem hegemônica em que a ciência se encontrava e seu processo histórico de desenvolvimento. Além disso, questionamentos acerca de uma crise no falho sistema científico de amadurecimento foram feitos, chegando-se ao pensamento de que uma ordem científica, com novos paradigmas, desta vez menos excludentes, deveria ser ao menos considerada. Ao veicular a sua realidade contemporânea à imagem de transitoriedade, Boaventura questiona o progresso da ciência de seu tempo (e dos seus métodos ditos complexos) no avançar dos costumes sociais. O autor vai além, ao citar exemplos como a revolução científica do século XVI, em que a ciência trouxe, conjuntamente ao seu progresso, uma grande transformação no aparato técnico e social da humanidade naquele contexto. Dito isso, há um severo questionamento do modelo científico em voga, altamente hegemônico, e uma especulação sobre as condições teóricas e práticas de uma nova ordem científica emergente. A forma dominante apresentada no texto mostra que a racionalidade e o mecanicismo materialista, idealista e metodológico tornaram-se princípios ideais, distanciando a ciência cada vez mais das vertentes sociológicas e antropológicas do conhecimento. Sendo assim, houve uma distinção e uma ruptura entre as ditas ciências natural e social, sendo a primeira condicionada por princípios metodológicos da razão. A crise a qual se refere o autor diz respeito a uma falência, classificada como profunda e irreversível iniciada desde Einstein e o surgimento da Mecânica Quântica, no sistema hegemônico científico. Essa crise reflete o afundamento dos pilares obsoletos sob os quais a ciência estava construída, pois, através de novas concepções do tempo, espaço, energia e natureza, chegam-se à conclusão de