Resenha dos filmes "Babel e Crash - no limite
Samuel Fernandes Lima
Fenômenos oriundos do modo burguês de produção, que se estabelecem nas relações entre os agentes sociais compõem o enredo dos respectivos filmes de Alejandro González Inarritu e Paul
Haggis: Babel e Crash – No Limite. As relações sociais são abordadas nas conjunturas atuais. E não só vivenciam, são, diretamente, influenciadas pela Globalização e sua retórica de modernização que edulcora,na contemporaneidade, as relações assimétricas inerentes ao capitalismo, pois, “todas as épocas de produção tem determinados elementos que o pensamento generaliza” (MARX, 1989).
Evidencia-se, portanto, nas duas obras, problemas que giram em torno do preconceito étnico e preconceito social(estratificação das classes sociais), do “show” da diversidade cultural, da crise de identidade dos indivíduos, do indivíduo como extensão da sua própria nação, das relações comerciais entre grandes empresas que exercem um papel fundamental na formação do estado burguês. Toda a problemática segue em vias conectadas por ações individuais. Conexões estas, que se expressam compartimentadas numa localidade mais restrita e/ou que também podem projetar-se para além das fronteiras, do Estado-Nação.
As referidas obras fílmicas põem em cheque a abordagem ufanista que é tecida, quase como via de regra, pela mídia, sobre a fase atual do capitalismo à nível mundial. A implantação de um sistema monetário e financeiro planetário, tendo o dólar enquanto lastro internacional das demais moedas, onde as economias capitalistas chegam a se diluir, nos faz pensar em um mundo globalizado, uma aldeia global. Todavia, as únicas fronteiras que perdem força são as fronteiras do capital, o mesmo não podemos dizer das fronteiras humanas, que encontram-se em voraz processo de solidificação . Exemplos claros, desta contradição, são apontados em ambos os filmes, desde a Coca-Cola que circula pelos lugares mais remotos do planeta,