Resenha do Valongo à Favela
A exposição com Curadoria de Rafael Cardoso e Clarissa Diniz constrói uma Trajetória do Valongo à Favela caminhando por registros artísticos praticamente documentais às obras mais contemporâneas elaboradas com as novas formas de arte - incluindo instalação, videoarte e etc - cronologicamente abordando aspectos sócio-culturais do desenvolvimento da população que habitava essas áreas e também a configuração cultural nesses espaços. Desde as pinturas mais antigas da coleção, retratando a chegada dos negros ao Brasil no período da colonização e escravidão, feitas a partir do olhar dos artistas vindos da Europa, até as fotografias mais atuais dessa população que vive hoje nessas áreas, observa-se muito bem o desenvolvimento da cultura periférica, que nasce a partir dos movimentos negros e passa pelo carnaval, até chegar aos bailes de passinho e rodas de capoeira que acontecem nos dias atuais. Percebe-se o início da exposição, um olhar eurocêntrico. Contando a história da chegada desses negros, representando os castigos que sofriam, as suas caminhadas pelas ruas, o seu sofrimento, o mercado de escravos, o desembarque dos negros , a maneira desumana a qual tinham de se submeter, mas com uma naturalidade e sem escandalização. Como fatos do cotidiano - que eram - e sem apresentar isso como um problema. Mas quando percebemos a fotografia com os homens negros amarrados, que data de um ano em que a escravidão, já abolida, parecia ainda existir, dessa vez com a cena reconfigurada para um policial na figura do mal-feitor e negros todos amarrados na estrada, caminhando, há a mudança nesse olhar. O tratamento já começa a discutir a periferia com um olhar que reconhece os resquícios da escravidão para esse povo e os problemas que isso causou. Orixás, negros no carnaval e máquinas utilizadas para fazer açúcar compõem o campo semântico do conjunto das obras , como elementos extremamente importantes para contar essa história da