RESENHA DO LIVRO 1914 LUCIANO CANFORA FELIPE RIBEIRO DE PAIVA
1329 palavras
6 páginas
1914LUCIANO CANFORA
Nesse belo ensaio, Luciano Canfora se debruça sobre o ano de 1914.
Com extrema eloquência, ele nos apresenta esse ano epocal. Não se atendo a questões menores de ordem metodológica, como se começa pelo fim ou pelo começo, mantem a escrita aberta tanto retrocedendo quanto avançado na linha temporal, um recorte assaz inteligente.
Inicialmente um conceito derrubado é de que o conflito inicia-se em
1914. Voltando a 1870, na posterior submissão da Alemanha ao exército napoleônico e o crescimento do sentido nacionalista prussiano, além da unificação alemã de Bismarck e a derrota dos territórios da Alsácia-Lorena, que motivaram um posterior revanchismo francês que só seria encerrado em 1944, mas a derrota imediatamente reverberou com a Comuna de Paris, o mapa das relações pré-1914 entre França e Alemanha é desenhado. Pensando especificamente na Alemanha, pós Bismarck e já nas mãos do Kaiser
Guilherme II, além de não acreditar na política de Bismarck, o jovem soberano implementa reformas modernizadoras na educação e na técnica militar, pensando já de forma colonialista e tentando tornar realidade o desejo de fazer frente a Inglaterra, uma vez que a Alemanha foi a última a chegar a divisão do bolo colonial. Por outro lado, na sua política interna, tinha que lidar com a ascensão do Partido Social-Democrático Alemão que infla ainda mais o sentimento revanchista e imperialista dos pangermanistas (pag. 44).
Um incidente diplomático também um dos fatores que acirra a rivalidade entre Inglaterra e Alemanha. Paradoxalmente em uma tentativa do Kaiser de aproximar-se do vizinho insular. Guilherme, neto da Rainha Vitória, concedeu uma entrevista em que afirmou que todo poderio de guerra alemão estava voltado para o Japão, por interesses na China, mesmo não havendo nenhum tipo de incidente recente que justificasse tal afirmação e que anteriormente.
Além disso, afirmou que durante a Guerra dos Boêres, seus traçados estratégicos militares haviam sido fundamentais