RESENHA DO FILME "O HOMEM QUE VIROU SUCO"
O filme “O Homem que virou suco”, de João Batista Andrade, aborda entre outras, a trajetória de Deraldo, um migrante nordestino que luta para sobreviver da venda de suas poesias. Além de não ter reconhecida e valorizada sua atividade como um trabalho digno, o protagonista se submete às formas de trabalho impostas, trazendo à tona o debate acerca das velhas e novas configurações no mundo do trabalho ou, melhor dizendo, mundo do emprego. É por meio de uma apreensão histórica particular nos moldes capitalistas, que atualmente está colocada à divisão do trabalho, que faz essa atividade teleológica se tornar emprego assalariado. Na cena inicial do filme de entrega do “Prêmio ao Operário Símbolo 1979”, é promovido um discurso de que este prêmio é direcionado somente os funcionários mais responsáveis e mais conscientes de seu papel perante a nação. “E para ser uma grande nação precisamos da vossa constante dedicação ao trabalho, de vossa assiduidade, de vossa responsabilidade em relação à família, do elevado grau de companheirismo, da disciplina aos princípios e as leis que regem o nosso País.”
Entretanto, mesmo diante de toda essa retórica, onde todos aplaudiam o acontecimento, Jose Severino da Silva ao ir receber seu troféu de honra saca uma peixeira e mata seu patrão. Nesta ocasião e dentre muitas outras percebemos que o modo de produção capitalista cada vez mais distancia os sujeitos das possibilidades de humanização, mantendo-os e aprisionando-os numa situação constante de degradação da subjetividade humana.
Em outra cena o protagonista Deraldo levanta de manhã, se apronta e sai para seu trabalho de vender suas poesias na grande São Paulo. Algumas pessoas perguntam se ele ainda não arrumou trabalho. Nesse momento sua atividade é totalmente desconsiderada como possibilidade de trabalho. Então ele analisa e questiona que algumas pessoas saem às seis da manhã para pegar no batente e só voltam tarde muito cansados e isso