resenha do artigo "Geopolítica da Amazônia". (BECKER, B. 2005)
Tive dificuldades para digerir o texto da Dra. Bertha K. Becker, apesar de considerá-la uma das geógrafas mais importantes do Brasil e que boa parte da comunidade acadêmica já está sentindo sua falta (ela faleceu em julho), discordo de vários pontos colocados por ela. Acredito que boa parte dos meus pontos de discordância se deve ao fato que alguns amigos meus moram na região Amazônica e por eu já ter ido lá algumas vezes.
Apesar dela apresentar a região como possuidora de certa autonomia e até resistência em relação a geopolítica estabelecida pela capitalismo global eu vejo as mudanças ocorridas nas últimas décadas como apenas uma adaptação e modernização do processo de exploração típico das periferias do mundo capitalista. O próprio texto carece de dados técnicos (apesar dos mapas e de algum dado quantitativo apresentado) que justifiquem o otimismo da autora, pois acredito que o artigo se baseou apenas na interpretação que ela teve da dinâmica amazônica.
Não concordo com a Bertha Becker sobre o poder e representatividade dos movimentos de resistência regionais. A Amazônia está virando pasto e campo para cultivo de soja, seja lá qual for a resistência, ela não se reflete em alternativa para esse quadro.
Essa riqueza tem de ser melhor utilizada. Sustar esse padrão de economia de fronteira é um imperativo internacional, nacional e também regional. Já há na região resistências à apropriação indiscriminada de seus recursos e atores que lutam pelos seus direitos. Esse é um fato novo porque, até então, as forças exógenas ocupavam a região livremente, embora com sérios conflitos. Essa é uma das hipóteses deste texto. BECKER (72:2005)
É evidente que o quadro não é mesmo ocorrido entre os anos de 1960 a 1980, porém a região matem características da economia de fronteira, conceito de Kenneth Boulding lembrado no texto. Se o processo de expansão da soja e do gado não é maior, ele