Resenha de Segregar para Curar
Resenha do Artigo
Segregar para Curar? A Experiência do Hospital Colônia Itapuã
O artigo trata da história do Hospital Colônia Itapuã (HCI), que surgiu em 1940 para abrigar pessoas com o Mal de Hansen, segregando-as do convívio social e confinando-as em um lugar longe dos centros urbanos. Com essa aquisição (o HCI), que se deu com o apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e do Governo Federal, cumpriram-se dois objetivos: evitar a propagação da doença e preservar a frágil aparência saudável da sociedade. O HCI era como uma microcidade, pois contava com diversas estruturas urbano-institucionais e era dividido em duas áreas: a área suja/doente, onde ficavam os pacientes, e a área limpa/saudável, onde ficavam os médicos, as Irmãs Franciscanas e os demais funcionários; que eram delimitadas para impedir a circulação dos doentes fora de seu espaço. No Hospital Colônia Itapuã, eram permitidos casamentos entre pacientes, que depois de casados, iam morar numa casinha separada, que abrigava dois casais por casa. Quando um paciente tinha um filho, este era separado dos pais logo depois do nascimento e não devia ser amamentado pela mãe (pelo risco de, se saudável, se contagiar com lepra) nem por uma ama de leite (pelo risco de, se não saudável, contagiar a ama de leite). O Hospital Colônia, que antes possuía internamento compulsório, com o avanço no tratamento da doença, no final da década de 50, este internamento já não se fazia necessário e foi abolido em 1954. Os filhos, somente em 87, receberam a permissão de permanecerem na instituição. Apesar das crianças passarem períodos de férias de 20 a 30 dias com seus pais no HCI, havia pouco contato entre pais e filhos. As medidas de prevenção contribuíam para a destruição da identidade dos pacientes, referente não só ao convívio social, mas também a sua constituição familiar. Os filhos, que eram criados longe dos pais, às vezes criavam repulsa pela doença e preconceito pelos pais. Por isso,