Resenha cultura política
“O Homem que virou suco” é um filme que trata da opressão do homem enquanto indivíduo carregado dos significados de sua origem e que, em sua busca pela grande metrópole e suas oportunidades, depara-se com uma administração da vida pela técnica e com uma aversão à diferença. No papel de retirante nordestino está Deraldo, personagem que encarna esse homem “espremido” como suco pelas novas técnicas, pelas instituições da cidade grande e pelas conseqüências delas na cultura e no modo de vida de seus habitantes.
Deraldo, poeta popular nascido na Paraíba, cujo nome completo é Deraldo José da Silva, passa a ser protagonista desse processo quando, confundido com um outro “da Silva”, José Severino da Silva, torneiro mecânico nascido no Ceará, passa a ser perseguido pela polícia acusado de ter assassinado seu patrão. Pelo fato de Deraldo não possuir documentos ele não tem como provar sua inocência. Abandona então a favela onde morava e passa à condição de fugitivo procurado. Deraldo não consegue conceber a idéia de que sua identidade deve ter uma autorização, um cadastramento técnico-formal. Para Deraldo sua identidade é quase óbvia, no sentido de seu auto-reconhecimento e de seus iguais como pessoa, em sua existência.
Em sua fuga, Deraldo se separa com a degradação da condição humana dos nordestinos retirantes, principalmente nas suas relações com o trabalho e suas exigências. Ao trabalhar na construção civil Deraldo se vê em meio às exigências da técnica aos quais ele não está acostumado. É toda uma conduta “adequada” para o trabalho que acaba por ser internalizada nas mais diversas esferas da vida das pessoas. Vê-se então que, numa cidade como São Paulo, um dos maiores