Resenha crítica

Resenha da obra “O que é científico? ( I )”, de Rubem Alves, São Paulo: Loyola, 2007.

Rubem Braga estava em seu escritório quando um colega aposentado de muitas credenciais entra sem avisar. O invasor fala que está escrevendo um livro em que conta o que aprendeu ao decorrer de sua experiente vida, porém dizem que seu texto não serve, pois não é científico, então pergunta a Rubem Braga o que seria um texto científico. O colega comenta que não é filósofo já que não tem as características de um. Além de não pensar a partir de conceitos, e sim de imagens por onde formula histórias. Após esse comentário, Rubem Braga lembra-se de uma história interessante. Na história, Rubem Braga conta que havia uma aldeia à margem de um rio enorme onde todos acreditavam morar criaturas desconhecidas e de todos os tipos. Todos viam vultos na superfície, saltos repentinos, mas nada concreto, até que certo dia, um aldeão pensou num objeto jamais imaginado para capturar as criaturas e então o fez entrelaçando barbantes de modo que ao jogar na água, o objeto capturasse apenas os animais. O aldeão deixou a rede na água e após algum tempo capturou um peixe dourado. Foi aquele alvoroço, uns disseram que era bruxaria do homem e queriam queima-lo, outros ficaram felizes com o feito e buscaram aprender a arte de fazer redes. Assim os pescadores que dominavam a arte reuniram-se numa confraria e de tanto conversarem sobre o mesmo assunto, puseram no lugar da língua nativa, uma outra na qual só se falava de redes e peixes. Como o mundo das pessoas se limita à sua linguagem, para os membros da confraria, algo só era real se pudesse ser pescado com redes, então tudo o que falavam para os membros que não fosse possível ser capturado por uma rede, como as nuvens, não era real! Então no fim da crônica, Rubem Braga mostra que as redes eram boas, porém não eram capazes de absorver/capturar tudo que era bom! Para outras realidades boas precisaria de “redes” diferentes.