Resenha Crítica os Lusíadas
O núcleo narrativo do poema é a viagem de Vasco da Gama às Índias. Porém, diferentemente das epopeias clássicas, o heroi não é Vasco da Gama, mas sim todo o povo português, a Nação portuguesa como “escolhida” para a valente empreitada de explorar os “mares nunca dantes navegados”. Sendo assim, podemos dizer que o heroi deixa de ser individual, como nas fontes herdadas dos clássicos, para ser coletivo, sendo Vasco da Gama apenas representante dessa coletividade. Essa característica já é anunciada logo no título: Os Lusíadas, ou seja, os lusitanos, os lusos portugueses. Dessa forma, a epopeia de Camões promove a exaltação do povo português, da história de Portugal, de seu império e, por fim, da língua portuguesa, que é enriquecida pelo autor.
Paralelamente à ação histórica do poema, há uma ação mitológica: a luta que travam os deuses do Olimpo em favor (Vênus e Marte) ou contra (Baco e Netuno) os portugueses.
Produto do Renascimento, Os Lusíadas incorporam o espírito antropocêntrico da época, oportuno ao sentimento heroico e conquistador. O típico bifrontismo do Renascimento português está presente na fusão dos ideais imperialistas e nacionalistas renascentistas com a ideologia medieval, presente na fala conservadora do Velho do Restelo, que dá voz a um espírito crítico em meio a tanto ufanismo e orgulho nacionalista, espírito este que se estende ao epílogo, que fecha o poema dizendo que o poeta fala a gente “surda e endurecida” e a uma pátria “metida no gosto da cobiça”.
O ideal cristão também se faz presente na medida em que os descobrimentos são vistos como expansão do mundo cristão, uma contraposição com a inspiração na mitologia pagã também presente no poema.
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