Resenha Crítica do filme DogVille
Dogville tem uma referencia clara sobre a literatura e teatro. A primeira cena que aparece são as informações sobre a quantidade de capítulos – total de 10, sendo um destes o prólogo – tal qual em um sumário de livro. A segunda cena é aquela que mais me atraiu como artista gráfico: a planta baixa da cidade, o único cenário de toda a filmagem, visto de cima com as pessoas vivendo em suas áreas demarcadas. A construção tridimensional fica a cargo do espectador, neste ponto, igualmente ao teatro (mais especificamente, o teatro da caixa preta, onde este era realizado em um único cenário com as paredes todas pretas). Tal escolha não é a toa, já que Lars Von Trier é um dos criadores do Dogma 95, onde este manifesto diz um roteiro de construção de filmes pra seguir o movimento cinematográfico. Como criador, Von Trier não segue o roteiro a risca, o que não interferiu na qualidade do filme. Também, já pela ausência de portas e paredes, para melhor fluidez na concepção da cidade, existem poucas músicas, mas uma grande variedade de sons de ambientalização, o que nos faz crer que de fato, há uma real cidade ali. Mas vai mais além. cada palavra é preciosa, como nos romances, apresentando-se simples ao uma rápida avaliação, mas no contexto, são densas de críticas ao ser humano. Dogville é uma cidade nos Estados Unidos, mas poderia ser em qualquer lugar.
Adiante, o narrador apresenta a cidade, sempre dizendo no passado. É interessante notar o peso da frase “os moradores eram pessoas boas e honestas e gostavam do lugar”, dando um indício que esse jeito de ser já não existe mais. Uma segunda e importante informação, repetida durante o filme algumas vezes de uma forma bem sutil, é o comodismo de deixar a situação à maneira que está: “Havia um espírito de Costa Oeste na rua principal ELM STREET apesar de nenhum Elmo jamais ter feito sombra em Dogville, eles não viam razão pra mudar nada”. Talvez seja justificado pela