resenha critica
1808-1850
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Libertação Econômica
OS DOMÍNIOS coloniais ibéricos, isto é, das coroas espanhola e portuguesa representam, pode-se dizer que desde o séc. XVII, mas sobretudo no seguinte, um anacronismo. As duas decadentes monarquias ainda conservavam a maior e melhor parte de seus imensos domínios, incorporados na fase brilhante de sua história: sécs. XV e
XVI. Situação anômala, porque já não correspondia mais ao equilíbrio mundial de forças econômicas e políticas. Depois daquele passado já remoto do apogeu luso-espanhol, outras potências tinham vindo ocupar o primeiro lugar no plano internacional: os PaísesBaixos, a Inglaterra, a França. No entanto, os domínios ibéricos ainda formavam os maiores impérios coloniais. Corpos imensos de cabeças pequenas... Sustentara-se a situação graças sobretudo às rivalidades e lutas que dividiam aquelas grandes potências. No séc. XVIII, uma delas, os Países-Baixos, é ofuscada; mas permanecem em campo a Inglaterra e França, digladiando-se sem cessar. É esta rivalidade que será a mais efetiva proteção dos impérios ibéricos. Cada uma das duas monarquias se ampara num dos contendores: a Espanha, na França, Portugal, na Inglaterra. Foi-lhes possível assim atravessar mais ou menos incólumes um século de lutas, não sem sofrer por vezes amputações de certa gravidade.
A situação voltar-se-á inteiramente contra as monarquias ibéricas na segunda metade do séc. XVIII. O antigo sistema colonial, fundado naquilo que se convencionou chamar o pacto colonial, e que representa o exclusivismo do comércio das colônias para as respectivas metrópoles, entra em declínio. Prende-se isto a uma transformação econômica profunda: é o aparecimento do capitalismo industrial em substituição ao antigo e decadente capitalismo comercial.
Até o séc. XVII o capital que domina de uma forma quase pura é o comercial. A indústria ainda não entrara na fase capitalista e se acha inteiramente nas mãos do artesanato. É apenas