Resenha Critica
Símbolos usados na transcrição:
[...] = gravação truncada ou incompreensível
[R.A.] = risos do auditório
[...] [R.A.] para se falar alguma coisa sobre a Reforma, mas eu fico perguntando: “depois de ouvir Bach o que é que há pra ser dito sobre a Reforma? Eu sou um jardineiro, não acho que Deus é jardineiro ...
Há muitos anos, muitos anos mesmo que eu preguei nessa igreja. A igreja era diferente – era menor. E eu me lembro perfeitamente que [...], quando eu era estudante no seminário e eu preguei, me lembro, sobre o texto: Coríntios, [...] a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, [...] e quando eu entrei nesse lugar eu me lembrei de um poema de Mário (sic) Antônio Gonzaga que é um dos poetas da Inconfidência. E nesse poema ele descreve uma visível visita que ele fez a lugares amados, cachoeiras, riachos, campos, montanhas. E ele visitava aqueles lugares e ele tinha a sensação que os lugares haviam se transformado, eram diferentes. Aí, a cada lugar que visita, ele acrescenta um refrão: “são este os sítios, são estes, mas eu mesmo não sou/ Marília me chamas, espera que eu vou.” E aí ele vai de lugar a lugar. Até que no final ele diz: “Mas como [...], as coisas são as mesmas, estão no mesmo lugar, como é que eu olho todas as coisas diferentes.” Aí ele diz: “mudaram-se os olhos e triste sou”. Ele estava indo para o degredo. Eu não estou indo para o degredo, mas os meus olhos de hoje são muito diferentes dos olhos de há 50 anos atrás que, eu imagino, foi quando eu preguei aqui nessa igreja. Os olhos, os olhos...
Ahn... os olhos são o início da experiência religiosa. Todos os poetas e todos os místicos sabem que a coisa começa é com uma modificação