Resenha critica
- Resumo
O Gato Preto traz um homem que, movido pelo abuso do álcool e pela iraprovocada pelo amor incondicional que um bicho pode dedicar a seu dono, vê seu sentimento se transformar em perversidade, e acaba por enforcar seu gato. Perseguido pelo fantasma do gato, ele adota outro animal, que, com o passar do tempo, além de despertar a mesma aversão em seu dono, rev ela em sua pelagem a marca da forca.
Em ‘O gato preto’, Edgar Allan Poe mexe com a sensibilidade do leitor ao apresentar uma história carregada de violência, perversidade e insanidade. Nesse conto narrado em primeira pessoa em forma de memória (ou relato), somos conduzidos pela jornada de um homem que vai de um extremo a outro não só pelo seu vício em álcool, como também, pela deterioração de sua alma causada em decorrência dos seus atos atrozes.
O modo intimista e, por vezes, desesperado do personagem não acende sequer uma fagulha de simpatia no leitor quando ele passa a revelar cada um dos seus crimes horrendos. Pelo contrário, a ansiedade para que ele pague pelo que fez nos domina a ponto de quase deixarmos passar despercebido o fato de que o destino do personagem fora revelado quase que despretensiosamente, já que além de isso ocorrer de forma sutil, logo após a revelação o autor passa a centrar-se no efeito de causas e consequências que acompanha os infortúnios sofridos por um gato nas mãos desse homem que se torna o seu algoz na mesma medida em que a loucura o mantém refém dentro de sua própria mente desajustada.
Esse foi o primeiro conto de Poe que li e foi nele que eu senti o poder da narrativa do autor. Recor dome que o li em voz alta para minha mãe e minha tia, e ambas ficaram estarrecidas com o modo magistral que ele transformou uma relação comum – entre bicho de estimação e dono – em algo chocante. Carregado de cenas macabras, é provável que algumas pessoas mais sensíveis não se sintam à vontade entre as linhas deste texto, já que Poe não é suave