Resenha critica de dom casmurro
AYRES, J. M. As matas de várzea do Mamirauá. Brasília: CNPQ/Sociedade Civil Mamirauá, 1993.
Laércio Nora Bacelar
Até o capítulo IV, Ayres preocupa-se em apresentar a Amazônia ao leitor: sua formação andina, suas três províncias, a história geológica da região nos últimos 700 milhões de anos, seus regimes climáticos atuais, sua cachoeiras, a cor de seus rios. Ao classificar a vegetação da Amazônia, mescla seus conhecimentos pessoais às propostas de J. Murça Pires. A partir daí, o autor apresenta também o resultado de um inventário realizado em um hectare do igapó que fica na foz do igarapé Taboca, afluente do lago Amanã, o maior da margem esquerda do Rio Japurá. Em seguida, Ayres centra seus estudos nas várzeas, que são áreas inundáveis por águas brancas, dividindo-as em chavascais (áreas abertas, localizadas nas terras mais baixas) e restingas (áreas de floresta, nas terras mais altas). O livro continua com comparações entre a flora da restinga alta e baixa, entre várzea e igapó, e padrões da produção de folhas, flores e frutas da várzea. Além disso, dá informações sobre as características morfológicas dos frutos, como são dispersos, que tamanho têm, quão duros são, quantas sementes têm; tudo em percentagens baseadas em mais de 100 espécies. Informa até sobre a mortalidade das árvores: em 20.000 m², em 1984 morreram 14 delas. Seus relatos são raros, diferentes do comum; transmitem-nos a impressão de um zoólogo angustiado, perguntando-se como os uacaris (Cacajao calvus calvus) , os raros e lindos macacos brancos, sobrevivem nesse tipo de floresta. Na discussão do seu livro, que é escrito quase como se faz uma boa publicação científica, Ayres coloca suas idéias e seu vastíssimo conhecimento da Amazônia na interpretação dos fatos observados: não há conjecturas infundadas. E, em apêndice, são apresentadas quatro tabelas com uma significativa quantidade de dados. Embora a obra seja