Resenha: “crenças das mães soropositivas ao hiv acerca da transmissão vertical da doença”
Lis Aparecida de Souza Neves e Elucir Gir
Neves e Gir expõem em seu artigo algumas das crenças que têm influenciado diretamente mulheres com HIV no que se concerne à adesão ou não à profilaxia e/ou tratamento. No trabalho encontramos quatro unidades:
1. Percepção de suscetibilidade
Segundo Neves e Gir, o simples fato das mulheres possuírem o conhecimento acerca do HIV e mecanismos de transmissão antes de se infectarem não implica em prevenção própria, visto que as relações que gênero existente em nossa sociedade (homem viril/mulher submissa), o ideal de amor romântico e confiança/ fidelidade após duradouras relações dificultam o sexo seguro ou a sua negociação. Além disso, a persistência do conceito de grupos de risco faz as mulheres racionalizar que a AIDS é “uma doença do outro”, isto é, “só os outros podem contrair o HIV”. Uma vez infectadas, as mulheres que engravidam passam a ter uma outra percepção da doença: elas começam a acreditar na concreta possibilidade de infectarem seu bebê.
A orientação e a educação são estratégias possíveis de serem utilizadas para conscientizar essa população feminina, geralmente formada por mulheres com baixo poder aquisitivo e baixo nível escolar, a fim de se prevenir o seu contágio com o vírus e evitando, assim, a transmissão vertical. A prevenção seria aqui um fator de suma importância.
2. Percepção de severidade
O estímulo emocional que surge ao se pensar na severidade da doença leva muitas das mulheres a não pensarem no HIV; elas relutam em encarar essa sua dolorosa, difícil e estigmatizada realidade e por vezes apegam-se a uma crença religiosa como fonte de apoio e suporte emocional, pois o que elas querem é escutar/saber que “tudo ficará bem!”.
Apesar da evolução no tratamento da AIDS, nas representações populares ela ainda é relacionada com a morte. Portanto, o medo da morte pelas mulheres soropositivas é bastante presente. Nós como