Resenha: Cinema político, Batalha de Argel
Argélia, segundo maior país africano localizado ao norte do continente, teve suas fronteiras
estabelecidas em 1830, após a conquista pelos franceses. Em 1842, o país foi anexado formalmente
ao território francês começando então uma constante luta dos argelinos em busca dos diretos
negados pela França.
Com o início da Guerra Fria e com o estímulo de ambos os lados que participavam dessa guerra, os
países africanos começam o processo de libertação das metrópoles européias. Inserida nesse
contexto, a Argélia passa a organizar a Frente de Libertação Nacional (FLN), corrente
anticolonialismo, que inicia a guerra contra a França em 1954.
Tendo como pano de fundo toda a luta pela independência da Argélia, o italiano Gillo Pontecorvo
realiza o documentário “A Batalha de Argel”, considerado um marco do cinema político dos anos 60 e
vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1966.
Gillo Pontecorvo nasceu em Pisa, no ano de 1919, e faleceu em Roma, no ano de 2006. Foi
fotojornalista e na década de 40 se filiou ao partido comunista lutando na segunda guerra mundial, na
qual defendeu o fascismo, em seu país de origem.
Realizado em 1965, “A Batalha de Argel” apresenta de forma clara e objetiva táticas de guerrilhas
utilizadas pelos argelinos e formas de torturas utilizadas pelos militares franceses.
A cena que abre o filme é “dura”, um homem está diante do espectador, homem esse que acaba de
ser torturado. A violência não é transmitida, mas a humilhação de um homem que foi obrigado a
delatar. A personagem está no centro, estático, encolhido e, na aproximação da câmera em seu
rosto, a fotografia em preto-e-branco acentua a fragilidade de sua feição, ficando dois olhos
arregalados e amedrontados em um homem mirrado e sujo, sem voz. À sua volta, torturadores
“enormes” e satisfeitos. Esta cena, este olhar, muda o olhar do espectador para todas as cenas