Resenha: As Estruturas Elementares do Parentesco (1949)

Kaline de Araújo Medeiros
Resenha: As Estruturas Elementares do Parentesco (1949) Lévi-Strauss, em sua obra As Estruturas Elementares do Parentesco (1949), realiza um estudo analítico sobre o caráter cultural da proibição do incesto, além de se esforçar para identificar a passagem da natureza para a cultura. Através de argumentos que foram abordados em seu estudo, ele explica como a ausência de regra torna visível o critério mais firme que permite diferenciar um processo natural de um processo cultural. No entanto, afirma,
Não há praticamente necessidade de demonstrar que a proibição do incesto constitui uma regra. Bastará lembrar que a proibição do casamento entre parentes próximos pode ter um campo de aplicação variável, de acordo com o modo como cada grupo define o que entende por parente próximo. Mas esta proibição, sancionada por penalidades sem dúvida variáveis, podendo ir da imediata execução dos culpados até a reprovação difusa, e às vezes somente até a zombaria, está sempre presente em qualquer grupo social. (1982, p.47). Segundo Lévi-Strauss, nenhuma análise real permite apreender o ponto de passagem entre os fatos da natureza e os fatos da cultura, além do mecanismo da articulação deles. Entretanto,
Eis aqui, pois, um fenômeno que apresenta simultaneamente o caráter distintivo dos fatos da natureza e o caráter distintivo - teoricamente contraditório do precedente - dos fatos da cultura. A proibição do incesto possui ao mesmo tempo a universalidade das tendências e dos instintos e o caráter coercitivo das leis e das instituições. (1982, p.49).

A proibição do incesto é posta como parte estrutural do sistema, vista como um fenômeno universal. O autor propõe um estudo da norma e da universalidade, a qual a norma se mostra como uma marca da cultura e a universalidade como uma característica da natureza. Para ele, a proibição do incesto não é apenas um aspecto natural, nem mesmo cultural e social, ela pode ser tomada como um princípio