Resebha de casa de pensão
431 palavras
2 páginas
RESENHA DE CASA DE PENSÃO, DE ALUÍSIO AZEVEDO Resenhar um clássico é um desafio e tanto. Vamos lá! Casa de Pensão, do mestre Aluísio Azevedo, não foi lançado como livro, a princípio. Ele foi publicado como folhetim, sendo muito bem recebido pelo público brasileiro, nos idos de 1883, e baseou-se em um caso real e polêmico da época, que teve um fim trágico. A proposta do autor é fazer uma análise sobre a convivência nas casas de pensão - no livro, com foco no Rio - considerada por ele um aspecto “típico, porém infeliz da nossa sociedade”. Depois da leitura, percebo como é verdade. O livro carrega a alma do Movimento Naturalista, bem ao estilo Azevedo, mestre da descrição viva. Dentre os autores brasileiros que li, ele é o melhor no quesito “Dar vida à imaginação pelos detalhes”. Mas não cai no retrato chato e cansativo; sim, a linguagem do século XIX é complicada, e muitos termos caíram em desuso porque a língua evolui continuamente, mas as descrições que Azevedo constrói, tanto neste livro como em O Cortiço, são de um caráter dinâmico, vivo, cheio de cores, aromas e sabores; você pode visualizar em cores uma cena escrita em tinta preta, com uma riqueza de detalhes impressionante. A principal marca do livro em relação à sua escola ou estilo de época são: o cientificismo e o determinismo. Os avanços tecnológicos que tomaram conta do cenário no século XIX são uma marca registrada do Campos, que compra qualquer novo aparelho no mercado, sendo uma espécie de consumidor beta. Ele é um bom personagem, que eu gostaria de tê-lo visto mais em foco. O próprio Amâncio acaba por ser uma figura complexa: produto de todos os conflitos psicológicos a que foi submetido desde a infância, tendo crescido com uma visão tão negativa do mundo, acabou por tomar decisões que, só em sua visão, eram corretas. As paixões e amores têm diferentes visões abordadas no livro, mas aquelas movidas por interesse se destacam, mesmo camufladas por belas palavras.