Republica no brasil
Getúlio Ribeiro
Deixemos por hora de falar sobre o que significou politicamente a instauração da República no Brasil, e passemos a tratar um pouco de seu significado social mais profundo. Afinal, o que teria significado, para a sociedade brasileira (compreendendo que “sociedade” abarca toda uma diversidade de hábitos, costumes, etnias, etc.), as transformações ocorridas durante estes primeiros anos de República em nosso país? Em outras palavras: em que resultou, no que diz respeito ao cotidiano e ao dia-a-dia, e que mudanças provocou a República nas vidas “reais” das pessoas durante o período?
Como já visto em estudos anteriores, todo este período que se estende da segunda metade do século XIX até o início do século XX foi mundialmente caracterizado pela chamada Revolução Científico-Tecnológica. Da Inglaterra para o restante do mundo, a descoberta de novos potenciais energéticos, como a eletricidade e os derivados do petróleo, contribuíram para acelerar e diversificar a produção capitalista industrial em escala nunca antes vista. Se você, por exemplo, estivesse vivo nesse período, em menos de quinze anos você teria assistido ao surgimento do telefone, do aeroplano, do automóvel, da eletricidade doméstica, do fonógrafo, do cinema, do rádio, dos elevadores, dos refrigeradores, do raio X, da radioatividade e da anestesia moderna. Imagine o impacto de todas essas invenções na vida e no dia-a-dia das pessoas que viviam na época.
Quando se fundou o Partido Republicano Paulista no Brasil, a partir de 1870, entrava também em cena uma nova elite de jovens intelectuais, artistas, políticos e militares, cujos planos para o Brasil incluíam a “modernização” do país baseando-se nas novas diretrizes técnicas e científicas da Europa e dos Estados Unidos. Ou seja, “importava-se” não somente idéias políticas, mas também uma certa idéia de “modernidade”, que passou a representar