Religiões
Cristine Fortes Lia
Resumo
A sociedade contemporânea, em especial a do final do século XX e início do século XXI, desenvolveu um elo sólido com as questões de natureza religiosa. Muitos conflitos atuais têm, entre suas matrizes explicativas, motivações de caráter religioso, e a compreensão dos mesmos remete a abordagens sobre as construções religiosas destas sociedades. Palavras como fanatismo, fundamentalismo, guerra santa, entre outros, povoam as referências sobre as experiências históricas da atualidade, que só podem ser devidamente compreendidas através do estudo das religiosidades que compõem estas trajetórias. No entanto, o ensino de história das religiões e religiosidades foi e continua sendo confundido com ensino religioso. Pela abordagem frágil, em especial na rede escolar, o aprendizado sobre as diferentes experiências religiosas cedeu espaço para o enfoque de uma corrente específica, em moldes dogmáticos, correspondendo a um reforço de fé, uma “hora da reza”. Este estudo se ocupa da importância do ensino de história das religiões como importante vertente explicativa dos processos históricos. Preocupa-se em desconstruir a imagem que remete história das religiosidades a ensino religioso, propondo novas abordagens para campo do estudo das religiões.
RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
Quanto ao estudo da religião e religiosidade na historiografia brasileira, com caráter científico, se deu durante a passagem da monarquia para a república, num período no qual os positivistas, com um discurso anticlericalista, acreditavam ser a única religião da humanidade. Nesse período, a intelectualidade brasileira, liderada por nomes como Euclides da Cunha (famoso escritor, sociólogo, historiador e geógrafo), buscava definir, baseado no positivismo de Comte e no darwinismo social e evolucionista de Spencer, o que seria o verdadeiro caráter nacional, e