O cristianismo foi desenvolvido a partir dos registros feitos pelos apóstolos das pregações que Cristo fazia onde hoje conhecemos como oriente médio. Pelo que lemos na bíblia esses discursos ressaltavam a importância da união com a força criadora, ou o Pai, do amor e respeito entre os seres, da superação da opressão e alcance da liberdade. Essa é a “suposta” base do cristianismo e do catolicismo. Contudo as atitudes do padre do filme coincidem com essas concepções? Ao manter Dona Rosa na ignorância e ao propagar a noção de que os comunistas comiam criancinhas e engordavam com sua carne, qual é a concepção do padre? É de libertação das dominações e de amor entre os seres? Gramsci diz que a Igreja, especificamente a católica da época em que ele vive, tinha necessidade de união doutrinária e lutava para que os estratos intelectualmente superiores não se destacassem dos inferiores estando sempre preocupada em se assegurar que não formassem “duas religiões”, a dos “intelectuais” e a das “almas simples”. Através de observações feitas na sociedade italiana do início do século XX, Gramsci vê o impacto da igreja católica na manutenção da ignorância da população, situação mostrada no filme, quando Dona Rosa procura o padre para que ele lhe explique a poesia dada por Mario a Beatrice, e o padre em vez de explicar que se tratava de uma linguagem figurada, de um recurso artístico, nada faz para esclarecer a tia de Beatrice, que continua achando que Mario viu sua sobrinha nua porque fez uma descrição metafórica da mesma. Assim entendemos que a Igreja, pelo menos a do filme, não buscava a elevação dos simples, mas buscava mantê-los no conformismo e na alienação. Talvez o próprio padre fosse mais uma “vitima” da “doutrina da alienação” defendida por extratos mais superiores do clero. Isso ocorre atualmente de forma massiva, com os milhares de líderes religiosos professando uma fé que não liberta, e sim aprisiona os fiéis numa masmorra de ignorância e