Reli
Mas, afinal de contas, seria possível determinar quais pessoas iriam para o céu ou para o inferno, tendo em vista que todos os homens estavam sujeitos a cometer falhas em vida?
Como seria possível quantificar, por exemplo, que um indivíduo tivesse ou não pecado o suficiente para então ser condenado ao inferno? Será que apenas os santos ou os que viviam em vida plenamente casta é que tinham sua entrada aos céus garantida? As dúvidas pareciam já não ter fim.
No século IV d.C., Santo Agostinho olhava para essas questões buscando imaginar ou projetar um meio termo entre a condenação e a salvação eterna. A seu ver, as pessoas mais inclinadas ao pecado deveriam ser condenadas ao inferno. Contudo, caso as orações dos vivos em seu favor tivessem força, ele poderia ter o seu sofrimento amenizado pela força divina. Por outro lado, aqueles que tiveram alguns pecados deveriam passar por uma preparação para uma posterior entrada nos céus.
Na fala de Santo Agostinho, percebemos a necessidade de um terceiro destino capaz de repensar o julgamento sempre tão complicado dos atos humanos. Séculos mais tarde, exatamente no ano de 1170, o teólogo francês Pierre le Mangeur empregou a palavra laina purgatorium para descrever uma localidade entre os céus e o inferno. Na condição de entrelugar, diversos artistas ocidentais que imaginaram uma representação do purgatório exploraram elementos de natureza tanto sagrada como