Relações entre o filme Estamira e o pensamentou de Michel Foucault

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FUNDAMENTOS DE ANÁLISE SOCIOLÓGICA
CURSO DE HISTÓRIA
Professor: Renarde Freire Nobre
Aluna: DCSS

O filme documentário Estamira, lançado em 2004, dirigido por Marcos Prado, relata a vida de Estamira, seu cotidiano, sua história, suas relações familiares e como ela lida com a própria loucura.
Estamira é uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e que trabalha no aterro sanitário Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. O filme se constrói com foco nas falas de Estamira que em discursos que soam como um misto de lucidez e loucura, Estamira aborda temas como a vida, Deus, controle, entre outros. Temas esses que podem ser considerados imprescindíveis para a filosofia são trabalhados por Estamira no decorrer do documentário. Sendo assim, é possível analisar o documentário Estamira com os estudos de Michel Foucault, não somente pela obra foucaultiana sobre a loucura, mas também pelo discurso filosófico de Estamira.
Ao longo do filme, descobrimos a história de vida de Estamira através de narrações feitas pelos seus três filhos ou até mesmo por ela própria. Estamira passou por inúmeros dramas durante sua vida: abusos, prostituição na adolescência, casamentos repletos de infidelidade e brigas, pobreza, lidar com a loucura da mãe e até mesmo estupros. Durante a maior parte de sua vida, Estamira foi uma pessoa religiosa e foi somente após os estupros que ela se afastou da religião na mesma medida que sua loucura avançava. A loucura de Estamira pode até mesmo ser considerada uma espécie de fuga da sua trágica história de vida e de suas responsabilidades.
Uma das idéias de Estamira que se repete muito em seu discurso no decorrer do filme é metáfora por ela nomeada como Trocadilo. Estamira afirma que o Trocadilo é “o poderoso ao contrário, o esperto ao contrário. Ele seduz os homens e depois joga no abismo”. É possível associar o que Estamira chama de “trocadilo” com a idéia