Relação entre as obras: "Maquiavel" e "Júlio César"
Discente / autor:
Clóves Santana da Rocha Santos
O presente artigo propõe-se a analisar a obra de Willian Shakespeare, Júlio César, sob a ótica do escritor de O Príncipe, Nicolau Maquiavel, o primeiro autor a teorizar sobre o estado, em 1513. Os conceitos e ideias postas por Maquiavel serão parâmetro de comparação entre as duas obras, com o intuito de estabelecer uma correlação entre o que foi abordado por Maquiavel e o que se apresenta na peça de Shakespeare. Os fatos e personagens trazidos na obra do dramaturgo inglês serão objeto de análise e estudo, sendo comparados os mesmos, bem como suas ações, aos conceitos do historiador italiano.
O primeiro personagem da obra de Shakespeare a ser analisado neste trabalho será Caio Cassio, aquele que é apresentado na obra como o principal mentor intelectual do assassinato de Júlio César e quem persuade os demais a participarem da empreitada criminosa. Tendo em vista que tal empreitada, a princípio mostrou-se frutífera, pois Júlio César foi de fato assassinado, e que Caio Cássio conseguiu o seu intento inicial de destruir a vida de César, ao que atribuímos o sucesso dele (em ter obtido o seu intento inicial)? À virtú ou à fortuna? Tendo sido trazido tal questionamento, necessário se faz a definição dos dois termos apresentados aqui, levando em conta o que foi dito por Maquiavel em O Príncipe.
A virtú, para Maquiavel, relaciona-se com virilidade e deve ser compreendida como a qualidade do homem de realizar grandes obras e feitos, o pré-requisito da liderança, a capacidade da ação política, a habilidade de realizar obras com firmeza e coragem, alicerçada na racionalidade e capacidade de “sedução”. Pode ser entendida também como sagacidade, calculabilidade, motivação interior, poder humano de efetuar mudanças e controlar eventos, força de vontade que induz os homens a enfrentarem a fortuna. O escritor de O Príncipe demonstra