RELATÓRIO – ONDAS ESTACIONÁRIAS EM UMA CORDA
É de ficar surpreso quando se vê o resultado do balanço das negociações salariais ocorridas no Brasil neste ano. São reajustes, na maioria dos casos, não compatíveis com a realidade econômica, apresentando ganhos num momento em que o País, economicamente, não está crescendo praticamente nada. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), quase a totalidade dos acordos salariais realizados no primeiro semestre de 2012 resultou em aumentos reais para os trabalhadores.
Essa pesquisa mostrou que 96,5% dos 370 reajustes analisados ficaram acima da inflação registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE. Como 3% dos acordos tiveram reajustes iguais aos da inflação no período, apenas 0,5% do total ficou abaixo do índice. Os aumentos foram, em média, 2,23% acima do INPC, superando todos os resultados apresentados desde o início desses estudos, em 1996, não só na média dos ganhos reais, mas também na porcentagem de acordos acima da inflação.
Vale assinalar que até mesmo os resultados apresentados em 2010 foram superados pelos de agora. Naquele ano, quando foi registrado um Produto Interno Bruto (PIB) de 7,5%, o maior desde 1996, o total de acordos que obtiveram reajustes salariais superiores ao INPC foi de 88,2% e os reajustes salariais ficaram, em média, 1,68% acima do índice da inflação.
Na verdade, o que está acontecendo é uma espécie de populismo salarial, decorrente de uma economia fundada agora num paradoxo de quadro de quase pleno emprego com crescimento pífio do PIB, de cerca de 1,5%. Isto é, boa parte das empresas, para reter seus profissionais, concede aumentos salariais que não são justificados nem pelo desempenho nem pela produtividade.
Tal quadro de reajustes, como está sendo realizado, é um risco para a nossa economia. O resultado dessa pressão salarial encarece ainda mais o custo do emprego, gerando a redução da capacidade competitiva das empresas,