Nascido em São Paulo, mas naturalizado americano, Vik Muniz faz parte de uma geração de artistas ousados, com uma visão ampla das possibilidades materiais dos objetos quotidianos. O uso de objetos relacionados à alimentação, a podridão das matérias em questão, o amplo espaço usado pelo mesmo – tudo isto influencia na mente do artista moderno, e Vik Muniz não é exceção. Segundo John Ruskin1, toda a arte contemporânea consiste, basicamente, em revolucionar certos conceitos de outros tempos. À época, o autor britânico não tinha ideia da precisão da sua frase. É com esta mesma observação que podemos entrar no trabalho de Vik Muniz. Observemo-lo, pois, tendo esta premissa estabelecida. Visto que a arte contemporânea é, em si, uma renovação do velho no novo, nada mais natural que classificar Vik Muniz como um artista contemporâneo: sua técnica de aproveitar o lixo, aparentemente sem potencial, consegue mostrar que a arte não se limita a objetos meramente técnicos. Ao contrário, o método de trabalho de Vik Muniz – o uso do espaço largo, objetos biodegradáveis, etc. – mostra que, no campo artístico, tudo pode influenciar o final da obra (até mesmo coisas melífluas e tenras, como cauda de chocolate ou extrato de tomate). Podemos ver que, no campo artístico, Vik Muniz é, para todos os fins e propósitos, um ser estranho: a rejeição da técnica parece ter sido quase que ditatorial. Mas Vik Muniz faz exatamente o oposto: é abraçando a técnica antiga que a arte pode ser revitalizada, transformando o lixo em luxo. As influências de Vik Muniz na arte contemporânea são incríveis. Mas as suas inspirações mostram-se um pouco heterodoxas. No documentário, a estética plástica do artista paulistano tem uma forte influencia da ‘’Young British Artists’’, também conhecida como ‘’Britart’’, que pregava a materialidade da arte em relação ao mundo. E, sendo um artista moderno, é inevitável sua ligação com as ditas ‘’vanguardas brasileiras’’, isto é, o