relatorios
Em uma cena, o cavaleiro chega a uma igreja e vai se confessar. Ele faz sua confissão abrindo sua alma. De certa forma, ele parece querer entender porque certas coisas acontecem. Ele queria poder falar com Deus, ou pelo menos gostaria de entender porque as coisas estão tomando um caminho tão sombrio. De repente, a figura para quem está se confessando se vira e revela ser a Morte, ouvindo a tudo, inclusive as estratégias do jogo de xadrez que estão jogando. Infelizmente, imagens como essa não tem mais lugar no cinema moderno. Como ele sabe que a Morte gosta de xadrez? Ele faz parecer como se isso fosse de conhecimento geral, e em nenhum momento chegamos até a estranhar.
Não. O cinema de hoje em dia tem grande comprometimento com o "real". O filme de Bergman tem muito mais a ver com os filmes mudos do que com os outros filmes de sua época, e menos ainda com os filmes que vieram depois. E eu incluo os filmes do próprio diretor a essa lista. Um filme que "fala" do silêncio e da ausência de Deus.
Muitos filmes falaram sobre Deus, mas poucos tiveram a coragem de falar de maneira tão direta sobre o assunto. Em quantos filmes vemos um homem jogando xadrez contra a própria morte? A imagem é tão perfeita, tão emblemática, que consegue sobreviver a inúmeras paródias. A coragem do diretor vai além quando ele não termina o filme com um clímax, como é de se esperar. Ao invés disso, somos agraciados com uma imagem tão ou mais poderoso que o jogo de xadrez, e que