Relatorio final de estagio
NETTO – 1991, de “intenção de ruptura”) configura-se enquanto mais um dos importantes marcos para se entender a trajetória do Serviço Social no Brasil, sobretudo pela sua inédita e formal aproximação com a tradição marxista4. Contudo, embora possua inegável mérito, o “Método BH”, exibe também uma série de imprecisões, decorrentes da apreensão de um determinado tipo de marxismo – o conhecido “marxismo vulgar” ou “marxismo sem Marx”5.
Assim, dentre os principais problemas verificados no “Método BH”, inspirado nas formulações maoístas e althusserianas6, NETTO (1991) observa a errônea concepção de prática como “produtora de conhecimentos”, e de teoria, ora identificada como
“conhecimento científico do mundo”, ora como similar a sistematização. No entanto, é a própria Leila Lima Santos, partícipe da equipe que criou o “Método BH”, que posteriormente, a partir de uma auto-crítica, reconheceu que,“Implementar o processo de conhecimento a partir da percepção sensorial, para em seguida passar para o nível conceitual, e finalmente chegar ao manuseio abstrato do real, é atribuir a primazia da prática da investigação à experiência, aos dados, à correlação, ao registro, à ficha. Portanto, ao empirismo.” (SANTOS, 1993:139)
Na seqüência, sem ter clareza do que seja prática e teoria, tomadas como peças de uma engrenagem, e não como elementos diversos de uma mesma unidade, é de se esperar que o entendimento acerca do método, presente na experiência de Belo
Horizonte, possua também sérias deformações em si. Uma delas, decorrente do já apontado no parágrafo anterior, refere-se ao seu equivocado entendimento do sentido de prática, que por sua vez gera outros problemas, os quais devemos citar ainda que brevemente. Para os criadores do “Método BH”, além do pesquisador “esvaziar-se” de qualquer idéia preconcebida, priorizando seus sentidos, deveria ele obedecer as inúmeras etapas, as