Relatorio de estagio
Juliana Campregher Pasqualini
Lígia Márcia Martins
A Educação Infantil ainda é uma tarefa a se realizar no Brasil. Conforme
Martins, a Educação Infantil (EI) até o presente “não existiu de fato como expressão do direito educacional das crianças de zero a seis anos”1 (2006, p. 7), na medida em que “os modelos de educação infantil até agora implantados não são representativos daquilo que deveria ser o trabalho educativo com esta faixa etária” (ibid.).
Os desafios colocam-se tanto no plano das políticas públicas quanto no plano pedagógico. Como já amplamente discutido na literatura da área, historicamente, a EI vem sendo compreendida tanto como equipamento de caráter assistencial-custodial, especialmente no caso das creches, quanto como estratégia de combate à pobreza, prevenção do fracasso escolar, preparação para o Ensino
Fundamental ou mesmo sua antecipação. Trata-se, em suma, de um segmento desprovido de identidade, atrelado a finalidades extrínsecas, ora apoiando-se em modelos domésticos ou hospitalares (Cerisara, 2002), ora reproduzindo o formato característico do Ensino Fundamental – desconsiderando as peculiaridades da faixa etária atendida.
No que se refere ao plano pedagógico, pode-se constatar na última década um intenso movimento de debate acerca da especificidade do trabalho pedagógico nesse segmento. A superação desse cenário exige dos pesquisadores em educação
1 Embora se trate de uma reflexão necessária e pertinente ao tema da identidade da Educação Infantil como segmento educacional, em função dos limites objetivos deste artigo não será possível nos determos na análise das recentes mudanças no sistema educacional que instituem no país o Ensino
Fundamental de nove anos, reduzindo a faixa etária atendida pelo segmento da Educação Infantil.
Psic. da Ed., São Paulo, 27, 2º sem. de 2008, pp.