relatividade
A teoria da relatividade de Einstein como exemplo de criação científica1
Michel Paty
Centre National de la Recherche Scienfique (cnrs); Equipe Rehseis; Université Paris 7; Departamento de Filosofia/USP
Resumo: Propomos uma introdução ao tema da “filosofia da criação científica” tomando o caso da descoberta, ou melhor, da invenção da nova teoria da relatividade (restrita e geral) por Einstein no inicio do século xx. Este caso é particularmente adequado para conceber como novas idéias como estas, que deviam transformar a física, fizeram sua aparição no campo do conhecimento no decorrer de um processo mental dentro de um sujeito singular, guiado em suas questões pela preocupação pelo inteligível, concebido como sendo acessível através da racionalidade. Einstein ele mesmo estava consciente de que tais processos de formação de formas e de conteúdos novos de conhecimento correspondem literalmente a “criações pela mente”, além de, ao mesmo tempo, serem elementos objetivos de uma representação do mundo. Na sua filosofia do conhecimento, ele baseava sua concepção da descoberta e da invenção científica, concebidas como um processo criador, sobre a “livre escolha” de conceitos e idéias teóricos por parte do pensamento (sua concepção, a este respeito, era parente daquela do matemático e físico Henri Poincaré). Essa “liberdade lógica” com relação aos dados factuais se estabelece, na sua perspectiva, sobre a crítica humeana da indução, sobre a recusa do empirismo puro e sobre uma concepção da inteligibilidade racional tributária de Kant, ao mesmo tempo em que sobre a crítica do apriorismo kantiano.
Palavras-chave: criação científica; epistemologia; filosofia; física; racionalidade; relatividade.
O conhecimento científico é geralmente estudado pelos filósofos através da consideração (no melhor dos